[¿lembras-te bem?]

¿lembras-te bem?
ouves ainda
as nossas gargalhadas em chamas
podando pragas para banquetes
a praia sobre os telhados
a guardar planetas pelo silêncio
o incandescer da bicicleta natureza
estrada fora
com derrapagem forçada do tempo
pelo tempo
só para sentir a cor fresca
do ar
e inventar palhaças caras para as cicatrizes
acompanhar de assobio
o pular sorrateiro dos pássaros
e oferecer pedras para equilibrismo
na cabeça das estátuas
fixar as pupilas no arco-íris
da grande dilatação entre as borboletas
e dançar de mãos dadas com os animais
e infinitar qualquer coisa
que comece com
“finalmente chegaste”
e peito a peito para dar novo pulmão subinte à beleza da montanha
e ombro a ombro até cair de rir o superior
e tirar pedaços de terra
para criar um vaso no cabelo
e roubar uvas figos laranjas maçãs
e deixar o caroço no terreno
como pedido de desculpas
e colar duas carapaças de caracol nos olhos e dizer que aquilo sim é que é ver
sem rugas
e aprender a arrotar perfume pelos versos
para dar os versos ao cozinheiro
para lhe agradecer o jantar

polida bondade
ahh a amizade
conheço-te
porque te aceito

Diogo Costa Leal
inédito


Paco Pomet

Comentários