a criação do poema

O poema bate à porta. como folhas de Outono entre o chão sagrado e a loucura de uma dança nos olhos onde em todo o lado é o instante verão da primavera. O poema tem olhos. Tem boca. Tem cauda. Pele fofa e eriçada. O poema vai nu. É humano e tem cascos nos seis pés de aranha. A carne reveste e despe o poema. o seu transporte é um baloiço mágico, brincadeiro, brigadeiro de pétalas. Um abraço orgânico entre a esquina recôndita de um tempo e o degrau de um pormenor habitado por gente vestida de uma outra gente floresta. O poema traz cadernos de gente que regressa na devagarosa locomotiva de uma saudade ou de um adeus. O poema traz um ventre nas mãos. Ou as mãos à porta do ventre. Ou a mão com tinta de sangue que habita na maravilha parida que logo se levanta para começar a dançar. O poema não traz nomes. nem escolas. nem contratos. é uma criança a pedir uma caixa de cartão ao avô para fazer um ninho de pássaros. O poema traz humanidades e sabores e contemplações e abóbadas cheias de luz t...